Arquivo para junho, 2008

Vocação Monástica

Posted in Formação on 27/06/2008 by Juliana

                                                   

       Se o Padre, de algum modo, pode ser definido pela necessidade que têm os outros homens de sua ação santificante no mundo, isso é menos evidente num monge.

    A vocação dá testemunho da infinita transcêndencia de Deus, porque proclama em face do mundo que Deus tem o direito de separar alguns homens para que eles possam viver somente para Ele.

     A essência da vida monastica é justamente esse abandono do mundo e de todos os seus desejos, ambições e interesses, a fim de viver não só para Deus, mas de Deus e em Deus, e não por alguns anos, mas para sempre!

    A graça que chama um homem para o mosteiro exige mais do que uma transposição material de ambiente. Não há vocação monástica autêntica que não implique, ao mesmo tempo, uma completa conversão interior.

     A caracteristica essencial de uma vocação monástica é que ela atrai o monge para a solidão, para uma vida de renúncia e de oração, para procurar só a Deus. Onde faltam esses traços, a vocação pode, sem dúvida, ser religiosa, mas não é propriamente monástica.

     A conversão interior que constitui o monge mostra-se externamente por certos sinais: Obediência, Humildade, Silêncio, Desprendimento, Modéstia, que podem resumir-se numa só palavra: PAZ!

   O mosteiro é uma casa de Deus, por conseguinte, um santuário da paz. A vida monástica arde diante de Deus invisível comouma lâmpada defronte do tabernáculo. A mecha da Lâmpada é a fé, a chama é a caridade,e o óleo que alimenta a chama, é o sacrifício de si mesmo.

    De todas as ordens religiosas, as ordens monásticas são as que possuem as mais antigas e monumentais tradições. Ser chamado a vida monástica é ser chamado a uma forma de santidade, enraizada na sabedoria de um distante passado e no entanto, viva e jovem.

     Poderiamos melhor compreender a beleza da vocação religiosa se nos lembrássemos de que o casamento, é também vocação. A vida religiosa é uma forma especial de santidade, reservada comparativamente a poucos.

    O caminho ordinário de santidade e de plenitude da vida cristã é o casamento. É no estado conjugal que em sua maioria os homens e as mulheres se tornarão santos. Os pais cristãos, se são fiéis as suas obrigações, cumprirão uma missão tão grande quanto consoladora: a de trazer ao mundo e formar almas jovens, capazes de felicidade e de amor, almas capazes de santificação e de transformação em Cristo.

   Deus quis que em todas as vocações se manifestasse o seu amor no mundo. A diferença entre as vocações reside na diversidade dos meios que cada uma dá aos homens para descobrir o amor de Deus. Cada vocação tem por objetivo propagar a vida divina no mundo.

                                                                        

           Na vida contemplativa, os problemas e as dificuldades são mais interiores e também muito maiores. Aí,o divino amor é menos encarnado. Em uma vida de solidão e silêncio, os afetos humanos não recebem muito da sua normal satisfação.

    A ausência quase total de expressão pessoal, a frequente impossibilidade de fazer coisas por outros pode levar a grandes decepções. Eis a razão pela qual a vocação puramente contemplativa não convém a quem não é maduro. É preciso ser muito forte e muito sólido para viver na solidão.

    Quanto mais alto subimos na escala das vocações, tanto mais cuidadosa deve ser a seleção dos candidatos. Normalmente, mais da metade dos que se apresentam à admissão nos mosteiros contemplativos não tem vocação.

          Quanto mais estrita e solitária uma ordem contemplativa, tanto maior será o Hiato entre atração e aptidão. Nigué pode suportar à vida à parte se o seu desejo de “solidão” é formado por um desejo recalcado de afeto humano. É inútil tentar alguém viver num claustro a sua vida,se o coração é devorado pelo pensamento de que ninguém o ama.

          É preciso ser capaz de não fazer caso de tudo isso e simplesmente amar o mundo inteiro em Deus abraçando todos os irmãos nesse mesmo amor puro.

         Dizer que a vida monástica e contemplativa é mais rigorosa do que a vida ativa, não é dizer que o contemplativo trabalha mais rigorosamente. A vida contemplativa é, sob muitos aspectos mais fácil do que a vida ativa. O que não é mais fácil é vive-la bem.

         A atração por certo tipo de vida e a aptidão para a mesma ainda não são suficientes para estabelecer a certeza da vocação.

         A coisa que resolve em definitivo uma vocação é a capacidade de tomar a firme decisão de abraçar  certo estado d vida e de agir segundo essa decisão.

        Se uma pessoa não consegue jamais se decidir, jamais se resolver a fazer o que é preciso para seguir uma vocação, não tem provavelmente vocação. Ela pode ter-lhe sido oferecida, mas isto é coisa que não pode decidir com certeza.

          Mas uma calma e definida decisão, que não desanima com os obstáculos nem se quebra ante a oposição é um bom sinal de que Deus deu a graça de responder ao Seu chamado  e que é correspondido!

 

(Homem algum é uma ilha – Thomas Merton)

 

   

Vocação

Posted in Formação on 27/06/2008 by Juliana

                                                                                         Cada um de nós tem a sua vocação. Somos todos chamados por Deus para participar da Sua vida e do Seu reino. Cada um é chamado a ocupar no reino um lugar especial. Se encontramos esse lugar seremos felizes.

      A nossa vocação não é um enigma de esfinge, alguns percebem, no fim, que fizeram muitas adivinhações erradas e que a sua paradoxal vocação é seguir pela vida a adivinhar mal. Descobrem depois de muito tempo que são assim mais felizes.

   A nossa vocação não é uma loteria sobrenatural, mas a ação recíproca de duas liberdades, e portanto, de dois amores. Ele nos ama com as nossas próprias vontades, com as nossas próprias decisões. Ele habita em nossa alma, observa cada movimento de vida, com tanto amor como se fossemos Ele mesmo. O seu amor está sempre em ação, tirando o bem de todos os nossos erros e vencendo até os nossos pecados.

   Cada vocação é, pois, simultaneamente, uma vocação ao sacrificio e à alegria. A nossa vocação individual é a nossa oportunidade de achar esse lugar único em que podemos mais perfeitamente receber os beneficios da misericórdia Divina.

    Se sou chamado à vida solitária, não significa necessáriamente que a solidão me será mais penosa do que outro lugar, mas, sei que eu sofrerei mais utilmente.

    Quem não é chamado à solidão, perderá a vista de Deus quando estiver sozinho e se pertubará!

    Gratidão, confiança e liberdade interior, eis os sinais de que achamos a nossa vocação e vivemos e conformidade com ela, ainda que o resto possa parecer que falhou.

 

(Trecho do Livro: Homem Algum é uma Ilha de Thomas Merton)

Continua no próximo artigo!

 

A Oração

Posted in oração on 25/06/2008 by Juliana

                                                                                     

           Uma das mais importantes funções da vida de oração é aprofundar, confirmar e desenvolver a consciência moral.

Há ná oração muitos níveis de atenção.  – Primeiro de tudo, existe a atenção puramente exterior, é quando dizemos oraçoes com os lábios, mas o coração não segue o que dizemos. – Em outras ocasiões pensamo em Deus ao rezar, mas os nossos pensamentos não tem nada a ver com a oração. São pensamentos sobre Deus, mas nenhum contato estabelecem com Ele. – Há, ainda, um outro plano em nossa oração, e é quando a consolação cede lugar ao medo. É uma área de sombra, de angustia e de conversão, pois aqui se opera uma grande mudança em nosso espírito.

     O homem que pode enfrentar tal aridez e desamparo por longo tempo,com grande paciência, e que nada mais pede a Deus senão fazer a sua vontade  jamais cairá em ofensa, entra finalmente na oração pura.

     Aqui a alma vai a Deus sem mais advertir seja a si mesma, seja a sua oração. Ela fala a Deus sem saber o que está dizendo, porque Deus mesmo lhe distraiu a mente das palavras e dos pensamentos.

     É por si mesma que nos vem essa profunda oração interior, isto é, pelo secreto movimento do Espírito de Deus, em todos os tempos e lugares, quer estejamos, quer não, a orar. Pode vir em pleno trabalho, no meio dos nossos afazeres quotidianos, à refeição, numa estrada deserta ou numa rua barulhenta, tanto à hora da missa, ou na igreja, como quando recitamos os salmos no coro.

       Tal oração, contudo, atrainos naturalmente à solidão interior, e mesmo a exterior.

       A oraçã pura, somente toma conta do nosso coração para sempre quando não mais desejamos qualquer luz especial, graça ou consolação para nós mesmos.

 

(Trecho do Livro: Homem Algum é uma Ilha de Thomas Merton)